O REINO DESTRUÍDO


Eu vi anjos caídos, chorando sangue em arrependimento.
Eu vi humanos com sangue em suas mãos e água em seus olhos.
Olhares em silencio erguem-se na solidão dos seus próprios pensamentos.
Pesadelos e ruínas no meio da multidão, enquanto sonhos devotados tentam se recuperar, com ou sem permissão.

Eles mentiram como se isso fizesse parte da sua natureza.
Eles não perceberam que suas asas estavam indo embora. Pra sempre. Desapareceram pelos esgotos
Vozes murmuram fora de seu tom usual, enquanto a ditadura do medo era implantada
Corvos estavam seguindo o cheiro da culpa

Vermelho e preto para todos os lados, a cor tinha voado com os pássaros
E nenhum brilho em seus olhos
Eles perderam a inocência
Enquanto se tornavam só pessoas sem fé

Eu vi bocas tentando gritar, mas nenhum som saindo delas
E a sinceridade se mudando pra outro lar
Enquanto deuses se igualavam aos homens
E miseráveis tentavam assumir ao poder

Então demônios choraram em dor
E a última esperança voou
Nas asas daquele ganso indo para o sul
Ela deixou sua honestidade em rastro branco pelo resto de vários corações

E afinal, eu estava lá
Olhando pela janela da igreja
Eu fui salva da agonia dos sinos
E da fúria dos imortais

Só te peço perdão por tudo
Por não ter me igualado aos homens de fardas
E as listras pretas e aos xizes nos corações
Eu não derramei sequer uma lágrima pelo seu senhor

Eu me mantive em pé
Enquanto anjos corriam sob a sua nova forma. Culpados
Eu segui o rastro branco de esperança para o sul
E agradeci ao céu, quando ele clareou, por me manter livre.


autora original: Fernanda Cavalier
adaptaçoes e tradução: jefferson belisario.

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