Eu, fantasma


As lágrimas começam a rolar!
Dos olhos que me vão tão cansados...
São lágrimas de um grande pesar,
Que em mim grassa calado...

As lágrimas escorrem vazias...
E vazias, se esvaecem na escuridão...
E esvaecidas em todas as agonias!
Vão-se esvaída à solidão...

Meus olhos não brilham mais,
Pois que foram feridos ao coração!
E feridos de morte, há tempos atrás,
Em outros olhos feridos vão...

Ó Deus!...Os olhos sentem a dor!
Uma dor que vem do fundo da alma!
Uma dor corroída pelo horror,
Que nem à sua presença se acalma!

As lágrimas rolam de fininho...
Misturam-se à chuva que cai gelada!
Meu olhar, fenecendo de mansinho...
Afunda numa solidão desesperada!

A escuridão esconde as curvas,
Que muito me passam tão fechadas!
E tão fechadas, vão-se turvas,
Às horas que perecem mais caladas!

E esvoaçando à vida em frente,
Na aura de uma visão desencarnada!
Vou imerso em dor tão plangente,
Na tristeza de uma alma condenada!

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